Acabei há instantes de ler o último livro desta trilogia do Phillip Pullman.
Tenho a dizer que adorei. Há algum tempo que não tinha tanto gozo a ler um livro.
Para quem não sabe o primeiro livro "The Golden Compass" foi a história que deu origem ao filme como o mesmo nome.
Em Portugal, livro e filme foram traduzidos para "A Bussola Dourada". Como tem acontecido quase sempre, e apenas adicionei a palavra quase por descargo de consciência, tiro muito mais prazer da leitura do livro do que da visualização do filme. Neste caso até tem uma justificação. Os americanos, com a sua habitual postura, preferiram omitir do filme algumas passagens que teriam certamente dado origem a muita discussão. No filme dá-se muito pouco ênfase à religião, e no livro a coisa pia muito mais fino. Sinceramente não sei como vão continuar a história, pois no segundo livro "The Subtle Knife" a questão religiosa assume um papel importantíssimo. No terceiro livro "The Amber Spyglass" já não assume um papel tão importante, mas continua lá, bem presente e com um papel fundamental.
Nos Estados Unidos, a trilogia, e os livros individualmente ganharam vários prémios, nomeadamente prémios de literatura para crianças. Sinceramente não sei se será uma história apropriada para crianças. Acho que não me sentiria muito à vontade lendo-a para criancinhas facilmente impressionáveis.
No entanto, para jovens adolescentes e daí para a frente, acho perfeitamente recomendável. Tem partes lamechas, outras bem violentas, mas no fundo é uma história muito bonita. E acaba bem. Resiste bem ao lugar comum do "viveram felizes para sempre" que tanto se usa mas que tão raramente se observa na vida real.
Falando de vida real, é preciso começar logo por lembrar que o livro é uma obra de ficção, produto da imaginação do seu autor, que descreve vários mundos, e vários personagens que não têm necessariamente de possuir reflexo na vida real. O público americano, ou melhor, uma parte do público americano, não percebe que alguém possa atacar a religião, nem que seja numa obra de ficção, e a obra foi alvo de muita polémica e de muita discussão. Houve quem acusasse o autor de heresia, e não duvido nem por um instante que há uns séculos atrás esta história daria direito a uma fogueirita...
Lendo a história sem preocupações morais vê-se que é uma maravilhosa história de encantar, onde o bem e o mal se cruzam e interagem por diversas vezes. Lá pelo meio tem vários "ensinamentos" que cada um interpretará conforme quiser. Li a edição portuguesa da Editorial Presença, que um amigo (Obrigado Luís) me emprestou. A prova de que gostei imenso é que já encomendei a versão original. Quero ler a história na língua em que foi originalmente escrita.
AR