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Fernando Nobre
E eu vou ser sincero, começam-me a faltar palavras para qualificar as atitudes do Dr. Fernando Nobre.
Há cerca de um mês concorreu como independente à Presidência da República Portuguesa. Durante toda a sua campanha, demarcou-se dos partidos políticos dizendo que era diferente deles todos. Inclusive deu entrevistas em que dizia que "...partidos políticos? Nunca!"
Com essa postura angariou uns bons milhares de votos, penso que na sua maioria de pessoas descontentes com o actual estado das coisas e com os partidos políticos que temos.
Agora, dá o dito por não dito, e aparece como cabeça de lista pelo PSD. E afirma que é apenas para ser eleito Presidente da Assembleia da República, que é apenas a segunda figura do estado, logo a seguir ao Presidente da República. E, que se não for eleito, abdica do cargo de deputado. Agora veio a público afirmar que nem sequei viu o programa do partido pelo qual concorre.
Isto causa-me uma grande confusão e até alguma revolta. Parece-me que traduzindo isto para linguagem popular, o que ele está a dizer é algo como: "Eu quero ser chefe. Não consegui ser o maior, mas vou ficar logo a seguir. Nem me interessa a marca ou a cor do carro que me leva até lá, pois o que eu quero é chegar lá. E se o carro avariar e não chegar ao destino, empurrem-no vocês, que eu não estou para isso"
Quer dizer, ser deputado não lhe interessa, o que ele quer é ser chefe dos deputados...
Eu não sei o que vai na cabeça do Dr. Pedro Passos Coelho, nem sei se me interessa, mas provavelmente começa a pensar se fez bem em convidar o Dr. Fernando Nobre para mais do que um almoço...
Confesso que a figura me é simpática.
O Dr. Fernando Nobre tem obra feita, na sociedade civil, e surpreendeu muita gente quando se candidatou como independente à Presidência da República. Gostei de ouvir alguns dos seus discursos, mas no entanto não me convenceu. Fiquei com sérias dúvidas sobre qual seria o seu verdadeiro comportamento enquanto PR, sem nunca ter estado envolvido na vida política. Isso poderia ser uma vantagem, mas no meu caso, não me convenceu e não votei nele como cheguei a pensar fazer.
No entanto, boa parte da sua campanha, se não toda, foi feita a demarcar-se dos partidos políticos, e dos deputados, e agora passados uns meses aparece como cabeça de lista de Lisboa pelo PSD, e até, pasme-se, como candidato a presidente da Assembleia da República?
Afinal como é? Onde estão as profundas convicções que disse ter, e a total isenção e independência que apregoou?
Claro que lhe reconheço o direito de se filiar num partido, e de concorrer seja ao que for, mas custa-me a crer que se mude de opinião (e convicções) assim tão rapidamente.
Quanto à questão de ser candidato a presidente da Assembleia da República, nem sabia que tal 'condição' existia, mas sou totalmente contra. O Dr. Fernando Nobre, nunca foi deputado, e penso que seria um grande falta de respeito a todos os deputados, de todos os partidos, colocá-lo como presidente da AR.
Fez-me lembrar esta cena que se passou há pouco mais de um ano, em que o Secretário de Estado da Educação revelou desconhecer o modo como se devia dirigir ao plenário da AR: