Ainda sou do tempo em que uma pessoa a falar sozinha na rua, era apelidada de maluca. Ah fulano fala sozinho? É maluquinho coitado...
Agora, com a porcaria dos auriculares, temos de espreitar bem a ver se vemos algum fiozinho do telemóvel (que pode estar num bolso, portanto escondido) até à orelha de quem fala sozinho. E se for um auricular bluetooth? Pior ainda!
Ainda me lembro da primeira pessoa que vi a falar ao telemóvel com um auricular. Estava de férias e fui tomar café a um café aqui perto de casa. Pedi um café ao balcão e ao meu lado estava um funcionário dos correios. De repente, dei conta que o homem estava a falar sózinho! Lembrei-me logo das histórias dos empregados postais americanos. Observei mais discretamente e realmente o homem estava a ter uma conversa com um amigo imaginário. Depois lá reparei que tinha um fiozinho que descia da orelha do lado contrário até ao telemóvel, que sinceramente já nem me recordo onde estava. Devo ter suspirado de alívio. Afinal o homem não era maluco.
No caso das senhoras (ok, e homens de cabelo comprido a tapar as orelhas) fica muito mais difícil.
Dantes, quando uma senhora jeitosa se sentava à nossa frente num transporte público, e dizia suspirando "hoje não tenho nada combinado" podia ser um convite irrecusável. Hoje ficamos feitos parvos a espreitar-lhe para as orelhas, tentando perceber se é connosco ou com alguém do outro lado da linha.