Sou português, e gosto de futebol. Sou adepto do Benfica, e há 30 anos atrás dei uns chutos na bola com mais umas dezenas de putos como eu, nuns treinos de captação para o Vitória de Setúbal. É esse o limite da minha cultura futebolística. Mas, como disse lá atrás, gosto de futebol. E gosto principalmente de ver um bom jogo. E um bom jogo, na minha opinião tem de ter golos. Ou, se não os tiver, que tenha ao menos jogadas para golo, e muitas de preferência.
Não sou grande grande conhecedor do mundo da bola. Para mim o jogo acaba quando o árbitro apita, e eventualmente terá mais 10 ou 20 minutos de comentários, a seguir ao jogo onde me permito opinar sobe uma ou outra jogada, uma ou outra característica do jogo. E isto se tiver visto o jogo até ao fim, pois muitas vezes, se o jogo não tiver ritmo, largo-o e vou ver ou fazer outra coisa.
Serve isto para dizer que este último ano vi vários jogos. O "meu" Benfica jogou como não jogava há vários anos, e consequentemente teve a minha atenção. Vibrei com o campeonato, e espero que para o ano consiga voltar a fazer grandes exibições.
A outra equipa que me faz ver futebol é obviamente a selecção nacional. E naturalmente gosto de os ver jogar bem, e marcar golos. Na era Queiroz isso não tem acontecido tanto quanto nós desejamos. Muitas vozes se levantaram contra Queiroz, e eu próprio, com os meus parcos conhecimentos achei que com ele ao leme a nossa selecção não iria muito longe. Outra coisa que nunca me agradou, foi a questão das naturalizações. Naturalizar jogadores, por muito bons que sejam, para os colocar na selecção é legal, mas quanto a mim errado. Não conheço nenhum dos 3 que jogam actualmente na nossa selecção, mas duvido que sintam a camisola da mesma forma que os que cá nasceram, e que tiveram por ambição ao longo da sua carreira, merecer envergar essa camisola. Aqueles 3 escolheram a camisola portuguesa quando viram que não havia hipótese de envergar a camisola canarinha, pela qual certamente também terão ansiado durante a maior parte das respectivas carreiras. Não me agrada ficar com a segunda escolha.
Mas, mesmo fazendo contas e com alguns sustos pelo caminho, a nossa selecção lá se qualificou para o campeonato do mundo. Notou-se que o entusiasmo desta vez não era o mesmo de outras competições, e os jogos de preparação não ajudaram muito. O povo queria vitórias e golos, e obtinha jogos defensivos, e calculistas, com um ou outro golito. muito pouco para o que se desejava.E as questões sucediam-se. Foi o não convocar de alguns jogardes, como o João Moutinho, que tendo feito os jogos de apuramento, merecia, na minha opinião ter sido convocado. Foi o caso do José Castro, chamado para mais tarde ser mandado para casa. Foi o número excessivo de defesas que constam dos seleccionados. Já na África do Sul, foi a clavícula do Nany, que nas vésperas de um controlo anti-doping, obrigou o atleta a regressar a casa. Depois do empate com a Costa do Marfim, com uma exibição fraca, foi a vez de Deco proferir umas afirmações polémicas, prontamente desmentidas, mas que aparentemente lhe provocaram uma lesão na anca. Enfim várias coisas que todas juntas não pronunciam nada de bom. E o povinho português, amante da bola, comprou jornais, e perdeu horas a discutir estas coisas. Treinadores e comentadores de sofá, todos quisemos deixar bem marcada a nossa falta de confiança na selecção, e no seu treinador.
Hoje, sai um pouco mais cedo para almoçar. A ideia era ver o jogo de Portugal contra a Coreia do Norte, pelo menos a primeira parte durante o almoço. Fui almoçar a um sítio onde várias outras pessoas tinham tido a mesma ideia. E, mesmo sem grande confiança, lá estávamos a ver o jogo. O início foi morno. Aliás pareceu-me que a Coreia até estava mais organizada do que a nossa equipa. Houve alguns remates de parte a parte, com Ronaldo a acertar na trave. Parecia uma repetição de jogos anteriores.Até que surgiu o primeiro golo. Todos se levantaram, gritaram e pensaram que a coisa afinal até se compunha. E veio o segundo, depois o terceiro. Aí a Coreia perdeu o rumo, e tudo se precipitou. Foram golos atrás de golos, quase a perder a conta.
Acabei por ter pena dos coreanos, que quiseram jogar de igual para igual, e sofreram uma derrota humilhante. Não sei se não haverão consequências extra-futebol quando voltarem a casa. No final, o marcador contava 7 para a nossa equipa. Abraços, sorrisos e muita felicidade, e já se ouviam pessoas a ironizar, dizendo que sempre tinham acreditado no Queiroz. Obviamente que festejei os golos, e vibrei com a vitória, mas continuo a não gostar do Queiroz como seleccionador. Não sei como vai ser com o Brasil, mas muito dificilmente mudarei de opinião.
No entanto, eles que venham, que até os comemos!!!