O título poderia igualmente ser "2 pesos e duas medidas", pois é esse o lema que me faz escrever este post.
Não percebo muito de economia. Sei umas coisitas muito básicas. Em parte porque decidi, em tempos, investir na bolsa, e a economia é, como todos sabemos, um tema relacionado. No entanto, dizia que não percebo muito do assunto. E no que toca ao sistema bancário, admito que sei mesmo muito pouco. No entanto, estas notícias que repetidamente vêm a público sobre a "crise" dos bancos irritam-me solenemente. Estamos todos reféns de meia dúzia, talvez uma ou duas centenas de banqueiros que desbarataram o nosso dinheiro e agora se armam em coitadinhos. E os governos, com o dinheiro de todos nós correm a por paninhos quentes. Ai coitadinhos dos bancos, que estão tão mal... E nós? Quem nos apoia?
Vi no outro dia no supermercado uma cena que me tocou. Um casal, bem vestido, de boa aparência e com um filhote de 6 ou 7 anos. O miúdo perguntou se podia levar uma coisa qualquer, e a mãe disse-lhe que não. Não estava a prestar atenção e não sei o que o miúdo tinha pedido, mas estávamos num corredor onde haviam bebidas alcoólicas de um lado e batatas fritas e snacks do outro. Presumo que o puto não tenha pedido uma garrafa de whisky, pelo que deverá ter sido algum snack. Mas o que me chamou a atenção foi o tom de voz da mãe. Eu percebi que o puto não tinha pedido nada de extravagante, e que a mãe estava com pena de não lhe poder fazer a vontade. O silêncio que se seguiu confirmou a minha impressão. Reparei no carro e só lá tinha meia dúzia de coisas, artigos de comida principalmente.
Se calhar estou a dramatizar, mas aposto que aquela família não está propriamente folgada. E como ela existem muitas por este país fora.
E, que tem isto a ver com os bancos, perguntam vocês?
Pois tem muito. É que os bancos, mesmo devendo milhões continuam de portas abertas, e os particulares, se não se puserem a pau ficam mesmo sem nada. Aos bancos perdoam-se-lhes as dívidas, aos particulares executam-se as hipotecas.
Ainda há umas semanas recebi uma carta de um dos bancos onde tenho conta. Era uma "oferta" de crédito. Não preciso, nem estou interessado. Engraçado que na carta após me informarem das ínumeras "vantagens" do empréstimo que se propunham conceder-me estava lá, tal como são obrigados a colocar, um aviso sobre os riscos do crédito, e que devia pensar bem antes de contrair créditos. Como não precisava, deitei fora a carta. Até aqui tudo normal.
A seguir é que a coisa descambou. Telefonaram-me para o telemóvel, a insistir na oferta do crédito. Começaram muito delicadamente, mas perante a minha recusa o gajo do outro lado começa a insistir... Que o crédito era muito bom, e que tinha isto e aquilo, e porque é que eu não queria...
Eu comecei por dizer que não estava interessado, mas com a insistência do fulano dei por mim a dizer-lhe que quem decidia se eu precisava de empréstimos era eu e não ele. Que metesse a viola no saco e fosse chatear outro porque eu tinha mais que fazer. Fiquei irritado com a prepotência do gajo.
Tudo isto para dizer que não tenho pena nenhuma dos bancos, Tenho de alguns dos funcionários, que não têm culpa do que alguns outros fizeram. Mas, mesmo tendo pena... Desamparem-me a loja!
Hoje li que o BPP já quase esgotou a verba de 450 milhões de Euros que o governo lhes deu. E que a coisa contínua preta...
Que tal se distribuíssem esses 450 ME por quem realmente precisa?
Não sei quantos são, mas todos os inscritos no IEFP podiam usar uma fatia desses 450 ME. E, mesmo sabendo pouco de economia, sei que isso poderia estimular a economia...
A coisa está preta... E não arribará já de seguida... São as falências e os salários em atraso... Há muita gente em dificuldade mas nem por isso deixam de fazer frente às suas obrigações... E a esses não vejo o governo correr a ajudá-los...
Por isso é que há 2 pesos e 2 medidas. Tenho a certeza que ninguém do BPP ou de outro banco qualquer irá bater com os costados na prisão. E sei que a maioria da população pensa assim. E, enquanto assim for, não vejo que haja progresso possível. Continuaremos nesta madorna de vida, trabalhando para garantir a comida para a semana seguinte, e já é bem bom.
AR